Você já deve ter se deparado com diversos materiais falando sobre produtividade, organização e estresse nesse novo contexto em que vivemos, não é? O estabelecimento de um regime remoto te garante conseguir seguir com os estudos mesmo sem poder sair de casa e passar parte do seu dia na universidade, rotina que você achava estressante, mas que provavelmente sente já muita saudade… acertei? A chance da sua resposta ser “sim” é grande e, independente do seu nível de saudade ou de estresse, gostaria de apresentar uma matéria sobre como a organização – a visualização do seu dia mesmo, não estou falando de uma camisa de força – pode ajudar um estudante mesmo em um contexto tão difícil. Vem comigo?
Aqui no PUC VC já falamos sobre a guinada da ansiedade durante a crise, sobre a importância da flexibilização e de um bom trabalho dos professores nesse contexto e te lembramos que você não precisa estar sozinho nessa, já que não só as aulas passaram para o regime remoto como também as monitorias. Fora do site, mostramos também que lives têm proporcionado rodas de conversa com psicólogos da universidade, momentos culturais e até mesmo palestras com certificação. Mas nada disso adianta se você estiver se sentindo angustiado a ponto de não conseguir acompanhar as atividades. É por isso que seguimos, agora, falando de uma prática que pode te ajudar a recomeçar, mesmo que devagarinho. É um dia de cada vez.
E assim nasce uma cartilha
Os programas e projetos de extensão da universidade seguem ativos também remotamente e, para isso se adaptaram na ajuda que podem prestar à sociedade. Acostumado a trabalhar as relações e contextos da juventude, o Programa em Nome da Vida consultou estudantes e produziu uma cartilha inédita sobre a organização dos estudos e o autoconhecimento durante a pandemia que nos atinge agora. O resultado pode ser visto clicando aqui. São 10 páginas que trazem questionamentos e dicas para os estudantes, além de técnicas para dar o passinho que faltava para avançarmos, mesmo que pouquinho. O objetivo é mesmo o aumento da qualidade de vida, a partir do que os estudos da psicologia e a experiência da extensão universitária podem proporcionar.
“Nesse momento a gente percebe que o estudante tem essa dificuldade de encontrar o equilíbrio entre a vida acadêmica e a vida pessoal. A cartilha vem para poder ajudar, é uma ferramenta a mais que ele tem para ajudá-lo a encontrar esse equilíbrio”, afirma a professora Júlia Mello e Pargeon, que atuou no projeto junto com voluntários do PNV e estagiários da licenciatura em Psicologia. Além de ser disponibilizada gratuitamente para os estudantes da PUC Goiás, a cartilha também foi entregue à Secretaria de Educação de Goiânia e será disponibilizada, a partir dessa parceria, aos Centros de Ensino em Período Integral de Goiás.
Aos longos das páginas – que são poucas e bem ilustradas, para ajudar até mesmo quem está sem paciência – o estudante é convidado a refletir sobre a própria vivência, se entender um pouco e então seguir montando sua estratégia a partir das dicas que são dadas. Questões como a preocupação com o sono, a alimentação e atividades físicas são lembradas, por exemplo. Mitos como o do “estudante bom que estuda muito” também são desconstruídos na busca pela construção de uma rotina saudável e possível. Veja só tudo que a cartilha pode te oferecer clicando aqui.
“A gente tem que viver as coisas conforme for possível”
Acostumada a influenciar milhares de estudantes com seus vídeos com dicas e reflexões sobre rotinas de organização e estudos, a caloura de publicidade Ana Clara Diniz, 18, conhecida por seu canal no YouTube – já são mais de 130 mil inscritos por lá, além dos mais de 90 mil seguidores no Instagram – confessa ter também os seus desafios durante o novo contexto. Tudo é compartilhado com os seguidores, mas, para o PUC VC, ela se abriu um pouco mais para contar como tem sido a rotina com o regime remoto.
Para ela, a principal mudança sentida foi a noção de tempo. Acostumada a gastar de duas a três horas por dia com transporte, já que mora longe da universidade, ela agora se vê com tempo “sobrando”, mas com a sensação de que o dia passa rápido demais. A casa cheia, já que tem pais professores e uma irmã também estudante e youtuber, também é uma nova realidade, já que antes ela estava acostumada a passar o dia na universidade e retornar a ver todos apenas à noite e aos finais de semana. Como é que faz para conseguir acompanhar as aulas on-line e ainda trabalhar?
“Tenho criado uma rotina minha para seguir, acho que isso ajuda o cérebro a entender que a gente continua tendo aula. Eu acordo, tomo café, troco de roupa, organizo meu espaço para ter a aula e tento sempre interagir durante a aula, perguntar e fazer anotações. Acho que isso particularmente me ajuda muito a conseguir me conectar de fato”, conta. “Acho que a principal sensação mesmo é a do tempo apertado, acho que isso tem um peso emocional muito grande em relação à ansiedade, tristeza desse contexto mesmo”, confessa.
Apesar de ainda estar se adaptando, Ana Clara mostra que a estratégia de trocar de roupas para as aulas e estudos e ter um cantinho pequeno, mas organizado, para suas aulas e horários de estudo tem ajudado bastante a seguir suas atividades. “Acho que [criar uma rotina] ajuda o nosso cérebro a entender que aquele é um dia a ser vivido. Muitas vezes que estamos em casa esquecemos dessa rotina que tínhamos, não conseguimos enxergar isso. E isso pode trazer frustração por não ter feito nada que você gostaria de ter feito por você e pela sua vida”, lembra. A estudante, no entanto, faz um alerta: “claro que não é para seguir tudo à risca, acho que isso também é uma ilusão. A gente tem que viver as coisas conforme for possível. [O bom da organização] é que você vai ter uma visão geral daquele dia, mas também não é uma camisa de força, sabe?”.
Outra dica de ouro da youtuber é aproveitar o momento em que influenciadores e professores estão disponibilizando conteúdo de graça na internet para aprender aquela coisa que você sempre teve vontade, mas ainda não tinha tirado do papel. Sobre estar tendo que acompanhar as disciplinas todas on-line, Ana Clara confessa se diz grata e satisfeita, apesar de entender e reiterar que nem tudo é perfeito. “Acho que tem funcionado bem, sabe? Tem coisas que eu sei que gostaríamos que fossem diferentes, que fossem mais práticas”, diz. “Em momento algum eu me sinto prejudicada, porque entendo que é uma missão mundial, acho que temos muito a aprender com essa lição que estamos passando. Não acho que eu vou ser uma publicitária pior porque isso aconteceu no meu período de formação”, ressalta.