Estudante de Medicina investiga uso de planta como medicamento terapêutico ao câncer e Covid-19

Graduando do sétimo período em Medicina pela PUC Goiás, Ronair Filho ingressou na pesquisa ainda no segundo semestre do curso. Motivado pelo interesse em estudar a influência das plantas para o tratamento de doenças, o estudante descobriu que o alecrim está propenso a se tornar um medicamento voltado para intervenções preventivas contra a Covid-19, e terapêuticas contra certos tumores malignos.

Essa descoberta veio durante a sua primeira iniciação científica, voltada para analisar a propriedade antiviral da planta. Durante o estudo foi possível verificar que as moléculas presentes na erva também apresentam uma capacidade antineoplásica, que consiste na produção de remédios voltados para o tratamento do câncer.

“As células do tumor se multiplicam de forma descontrolada, com as evidências literárias foi possível verificar que o alecrim tem a capacidade de fazer com que certos tumores como os pulmonares e os relacionados ao trato gastrointestinal, entrem em um processo de apoptose ou morte celular programada, caracterizado pelo movimento de suicídio dessas células defeituosas”, explica.

Ronair reitera que as moléculas presentes na planta têm a capacidade de controlar a doença, atuando como uma terapia complementar ao tratamento.

Metodologia

Em meio ao desenvolvimento de dois projetos de extensão que abordam a capacidade do alecrim como fármaco paliativo para tratamento epidemiológico, a utilização de programas virtuais acelerou o processo de análise.

“Nós realizamos uma docagem molecular via triagem virtual, o método prevê a união de duas moléculas para a formação de um complexo estável.  Antes de analisarmos elas em laboratório, nós fazemos um estudo virtual em programas que vão testar essas moléculas para ver se elas são compatíveis. As moléculas mais promissoras poderão ser testadas em laboratório. Sendo assim, a triagem virtual economiza muito tempo e dinheiro. Nós selecionamos um número de moléculas com maior probabilidade de reagir e serem candidatas a fármacos, podendo ser testadas in vitro e em in vivo”, salienta.

O projeto prioriza facilitar o trabalho de pesquisadores que tenham a intenção de realizar testes mais aprofundados através das moléculas predispostas diante o processo de separação realizado nos laboratórios da PUC.

Formação ancorada na pesquisa

Ronair adquiriu experiência no âmbito da extensão ao desenvolver sua primeira pesquisa acadêmica. O estudo abordou a importância da suplementação e dieta com vitamina D, realizada através de orientação médica, para atuar como medida preventiva e terapêutica a Covid- 19.

A pesquisa inferiu que a falta de vitamina D no organismo ascendeu durante a pandemia, sendo um dos fatores para a propagação do vírus. Ao conjecturar que a utilização da vitamina D é importante para o tratamento da doença devido ao seu caráter imunológico, o estudo ainda alerta os profissionais da saúde a buscarem análises multicêntricas a respeito do tema, ampliando o número de locais, participantes e tempo para novas análises.

Os valores da universidade se justificam diante a oportunidade ofertada aos alunos desde o início da graduação. Uma delas é cerceada pela metodologia científica, responsável por construir um aprendizado integralizado e amplo.

“A iniciação científica não é importante apenas para quem quer seguir a carreira da docência ou de pesquisador. Como o médico depende da evidência científica para guiar o tratamento do seu paciente, é importante que nós tenhamos esse contato com uma carreira científica justamente para construir o conhecimento por conta própria. A gente aprende a metodologia científica, buscamos conhecimento científico validado e isso contribui muito para a qualidade e futuro da nossa formação”, afirma.

Texto: Juliano Cavalcante, estagiário da Dicom