A história de Janaína Aparecida dos Santos Carinhanha Sales dá um livro daqueles repletos de emoção e com final feliz. No próximo dia 24 de agosto, ela cola grau no curso de Design da PUC Goiás. Bolsista Prouni, esta foi a terceira vez que ela tentou cursar uma graduação, mas só agora, com suporte familiar, bolsa e apoio dos professores, que ela conseguiu ultrapassar todos os obstáculos.
“Eu sou filha de uma mãe branca e solteira. Aprendi na raça o significado do racismo e suas implicações. Apanhei muito da vida. Chorei bastante. Mas hoje, com 30 anos, uso toda essa dor, que me acompanhou durante minha caminhada, e faço dela combustível para ir cada vez mais longe”, diz Janaína.
Ao chegar na PUC, ela conta que recebeu o apoio e a orientação dos professores que a ajudaram a superar as dúvidas, inclusive de quem não acreditava que ela fosse conseguir terminar o curso. Das outras duas vezes, Janaína parou por falta de grana. Dessa vez, com acolhimento dos seus pares na universidade e em casa, conseguiu ir adiante.
Para estudar, Janaína sempre usou o espaço da Área 3. Muitas vezes vinha de carona com o marido Vaniclei Ueslei, que segurava a onda das contas em casa. E muitas vezes recebeu dos professores e colegas o material necessário para fazer os trabalhos acadêmicos.
Diante das dificuldades, sempre teve em mente o sonho da mãe, dona Vanda, que queria ter uma filha formada. Foi desta forma que, além de formar, ela conquistou o Mérito Acadêmico 2021/1, prêmio concedido para os estudantes com média superior à 8,5 “Foi meu dia de glória”.
O trabalho de final de curso de Janaína foi sobre Valorização e Aplicabilidade da Linguagem Visual da Cultura Afro-Brasileira no Design Contemporâneo, sob a orientação do prof. Tai Hsuan-An. “Meu TCC é um manifesto de amor e solidariedade a todos que já sofreram com o racismo e uma bandeira de luz sobre a minha raiz afrodescendente, que é rica em diversidade e merece ser vista e reverenciada, não apenas no meio acadêmico, mas em todos os espaços”.