Parceira do Atlas da Notícia, a PUC Goiás apoiou a elaboração de mais um censo sobre o jornalismo local no Brasil. Nesta 5ª edição, o objetivo principal foi checar os desertos de notícias brasileiros, que totalizavam 3.280 municípios na edição anterior do censo, publicada em janeiro de 2020.
A região Centro-Oeste registrou queda de 15,5% de desertos de notícias, mas Goiás continua sendo o estado com maior número de municípios sem veículos próprios, um total de 39,8%. Mesmo com este significativo crescimento de empresas jornalísticas, a região tem ao todo, ainda, 136 municípios desassistidos de cobertura jornalística local.
Os dados da região Centro-Oeste foram coletados por professores e acadêmicos de universidades de Goiás (PUC Goiás), de Mato Grosso (Unemat) e de Mato Grosso do Sul (Uniderp). Todos os municípios desérticos dos três estados foram identificados e analisados e os dados podem ser conhecidos aqui.
Segundo o professor doutor Rogério Borges, do curso de Jornalismo da PUC Goiás, o convite para participar do Atlas da Notícia foi feito à professora Gabriella Lucianni, também da PUC, e foram convidados cinco estudantes voluntários ligados ao Observatório de Mídia, que realizaram uma varredura em todos os municípios para identificar os que não tinham nenhum veículo de comunicação local. O trabalho rendeu horas complementares e certificação.
O estudante de Jornalismo Diego Augusto Damasceno foi um dos voluntários. “Foi um trabalho cansativo, mas muito gratificante poder saber como as pessoas se informam nestas regiões, como as notícias chegam lá, como eles dependem dos meios de informação da capital”, conta ele.
Entre as suas percepções está a presença das fake news encaminhadas em redes sociais, presentes em várias comunidades. Para ele, o Atlas é uma forma de planejara politicamente a comunicação. Nascido no interior de Goiás, em Iporá, ele fala que a falta de acesso tanto às informações quanto a formação são uma dificuldade no desenvolvimento de várias cidades.
O trabalho começou no final do ano passado e terminou em janeiro deste ano. Para o levantamento, os voluntários buscaram no poder público e em empresas identificar empresas jornalísticas em pequenos municípios, que vão de jornais, rádios comunitárias até blogs. A rede mundial de computadores também foi usada nesta checagem. As empresas jornalísticas identificadas foram contatadas para serem inseridas base de dados do Atlas da Notícia.
Os municípios sem nenhum tipo de veículo local passaram a integrar os desertos de notícias. Com o censo deste ano, foi possível constatar que 29,1% dos municípios do Centro-Oeste não dispõem de informações produzidas por empresas jornalísticas locais. Um dos exemplos é Aurilânida, em Goiás, por exemplo, com 3.058 habitantes de acordo com o IBGE, e que conta com a Rádio Sucesso FM, com sede em São Luís de Montes Belos como único veículo de comunicação local.
Para o doutor Rogério Borges, o estado goiano ainda tem um grande vácuo de notícias locais. “Acaba sendo muito impactante porque retira o direito de informação das pessoas, o direito que elas têm de saber o que está acontecendo no seu entorno. Essa é uma questão muito grave para o exercício da cidadania, pra consciência política, para cobrança das autoridades em relação a questões como educação, saúde, infraestrutura, violência”, explica ele sobre os impactos dos desertos.
Dados gerais da pesquisa
O Centro-Oeste segue como a região com menor concentração de desertos de notícias (29%), o principal motivo para este quesito é a distribuição das empresas noticiosas em Mato Grosso do Sul, com 90% dos municípios com imprensa local. Em contrapartida, o estado de Goiás, apesar da proximidade com o Distrito Federal, é o estado da região com maior área desértica (39,8%).
Para consultar os dados do Atlas da Notícia, clique aqui.
(Com texto do Observatório da Imprensa)