Paliativismo: qual o papel dos profissionais de saúde? 

Estudantes de Medicina e Biomedicina da PUC Goiás tiveram uma aula sobre cura em evento organizado pela Liga Acadêmica de Citopatologia. Com o tema câncer de mama, duas palestrantes mulheres abordaram do diagnóstico ao tratamento da doença, mas mostraram que além da fisiologia há outros desafios para quem vai cuidar das pessoas doentes.

Este foi o diferencial da live realizada no YouTube da PUC Goiás, nesta quarta-feira, 28, com o apoio da Escola de Ciências Médicas, Biomédicas e Farmacêuticas. A jornalista, escritora e paliativista Ana Michelle Soares compartilhou sua experiência como paciente diagnosticada com câncer de mama há 10 anos e que ela registra no perfil @paliativas no Instagram.

A jornalista Ana Michelle Soares

Foi o diagnóstico da doença que mudou sua percepção sobre a vida, a morte e o tratamento de saúde oferecido a maioria dos pacientes no Brasil. “Percebi quando tive metástase que estes pacientes eram invisíveis. Do câncer só se ouvem duas histórias: da cura ou da morte”. Em uma década de tratamentos, Anami, como é conhecida, procurou ampliar seu olhar não só sobre a doença, mas sobre como os pacientes eram amparados em suas dores físicas, espirituais e emocionais.

Ao descobrir o paliativismo, se dedicou ao estudo e se tornou paciente de um projeto pioneiro que hoje cuida de outros pacientes. “A morte é crônica. Não há cura para morte. Estamos todos em cuidados paliativos”. Ela falou para os estudantes da área da saúde sobre a importância de olhar para os pacientes além dos exames e dos diagnósticos. “Eu sou uma pessoa, tenho meus valores e tenho minha cultura. Valorizo muito que minha dignidade seja respeitada”.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os cuidados paliativos são um conjunto de cuidados emocionais e físicos, feitos para a pessoa que sofre de uma doença grave ou incurável, e também sua família, com o objetivo de aliviar o seu sofrimento, melhorando o bem-estar e a qualidade de vida.

A escritora defende que o paliativismo faça parte da formação dos médicos, para que os mesmos possam enxergar os pacientes de forma holística e perceberem suas necessidades além da doença. “É uma prática muita bonita e que pode oferecer dignidade às pessoas na sua finitude. Quem está vivo merece ser bem cuidado e não pode ter sua esperança retirada”, compartilhou.

Rosemar Rahal

Já a médica oncologista Rosemar Macedo Sousa Rahal falou sobre o diagnóstico e o tratamento da doença. Ela explicou sobre a doença desde a fase inicial até os estágios mais agressivos. Segundo Rosemar, que também é professora universitária, 80% dos casos de câncer de mama tem causas esporádicas e são mais comuns em mulheres com mais de 40 anos. “É importante que os profissionais de saúde incentivem o exame anual para o diagnóstico precoce da doença”, lembrou ela. E reforçou que o câncer de mama tem tratamento e cura.