Vinte anos depois de formar-se designer pela PUC Goiás, o artista Luciano Drehmer retornou à universidade para falar com os acadêmicos do curso de Design sobre sua vivência profissional. Conhecido internacionalmente por sua arte que explora linhas tênues entre a originalidade e a apropriação por meio de metáforas visuais, pinturas, quadrinhos e arte manufaturada, seus trabalhos viralizaram nas mídias sociais e foram apresentados em exposições, revistas e demais veículos em todo o mundo.
Desde 2016, participa ativamente de várias feiras e exposições de arte na Ásia, apresentando suas obras de arte. Como designer, Drehmer é ex-executivo de Design da Amazon China, também trabalhou em colaboração com empresas como Nike, Google e outras.
Ao falar para os estudantes de design sobre a sua trajetória profissional, Drehmer destacou que o ambiente acadêmico exerceu forte influência no curso da sua profissão. “O meio acadêmico, além da base teórica, influenciou muito na minha carreira. Dizem que somos o resultado das cinco pessoas com quem mais nos relacionamos e eu acredito que isso influenciou muito a minha caminhada”, citou.
Em seguida, o artista e designer contou que em 2007 foi para São Paulo e trabalhou na Editora Globo, Editora Abril e com clientes como a Amazon, Nike e Google. Ele ressaltou que a mudança foi motivada pelos recursos tecnológicos disponíveis à época e lembrou que hoje é possível trabalhar para empresas multinacionais de forma remota.
Só depois de 15 anos de mercado nacional é que Drehmer decidiu sair do Brasil e ir para a Ásia. Sobre o destino escolhido, ele conta que, enquanto colegas preferiram países europeus, ele buscou um país asiático. “Fui para a Tailândia, sem saber como as coisas funcionavam e já trabalhava de forma remota. Lá, aprendi muito da cultura asiática. Tive contato mais próximo com a educação budista e a base moral cristã e filosófica greco-romana. Depois disso, morei em quase todos os países da Ásia”, registrou.
Morando atualmente na China, Drehmer considera o país um universo cultural rico em atitudes e formas de pensar. Outro ponto destacado por Dremher em sua exposição foi a necessidade de o designer ter conhecimentos sobre business e marketing. “A formação que adquirimos aqui é generalista. Me tornei especialista em design gráfico e tenho muita experiência com desenho industrial. A minha empresa na China, hoje, desenvolve produtos, moldes e faz produção em 3D. Eu comecei como designer e hoje sou empreendedor. O trabalho que eu desenvolvo com o meu sócio consiste em, basicamente, desenvolver softwares que fazem uma ‘varredura’ nos produtos mais solicitadas pelo mercado na internet (ex.: chapinha, umidificador), e, de posse destes dados, desenvolver estes. Hoje, somos sócios de 8 marcas”, informou.
Ainda sobre essa vertente de atuação profissional, Drehmer explicou que a escolheu por satisfação pessoal, e não pelo dinheiro.
Arte por toda parte
Como dentro do designer há o artista, Drehmer ainda destacou em sua fala que devota metade do seu tempo à arte. “Tenho linhas de produção para obras autorais e gosto muito de ter tempo para pintura, gravura e outras formas de expressão artística”, explicou.
Por fim, agradecendo o espaço para a exposição, Drehmer fez uma reflexão. “O Tai veio da Ásia para Goiânia e me formou e eu saí de Goiânia e fui para a Ásia, formado pelo Tai. Fizemos um caminho inverso e essa história, para mim, é muito gratificante e relevante”, disse.
Presença ilustre
Compondo a mesa da exposição estava o professor Hsuan-an Tai. Ao falar sobre o ex-aluno, Tai enfatizou que o egresso é destaque no cenário mundial. “O que impressiona a gente é a experiência que ele tem. Me sinto muito feliz de ter encontrado e trazido o Drehmer aqui para falar com vocês”, afirmou.
Forte interação com os estudantes
A exposição foi marcada por grande interação dos presentes com Drehmer, que se revezavam nas perguntas. Dentre as orientações valiosas deixadas pelo designer, uma delas foi a necessidade de respeitar e valorizar a construção da carreira e o processo criativo. Neste sentido, Drehmer, afirmou: “Ninguém nasce criativo”.
Outra reflexão deixada por ele foi analisar se o estudante pratica a ‘síndrome do impostor’ consigo próprio e não deixar que isso o limite ou lhe faça sentir incapaz de perseguir os próprios sonhos.
A conversa com estudantes do curso de Design ocorreu no auditório 2, da Área 2, na manhã desta sexta-feira, 24.
Texto: Marília de Paiva Siqueira