Muito mais do que ingressar na universidade para construir um futuro profissional, o acadêmico do curso de Administração, Fabrício de Castro e Silva, buscou na pesquisa um caminho para promover a inclusão dentro da universidade e muito além dos limites institucionais.
No último dia 5 de dezembro, o estudante apresentou, no Câmpus V, TCC intitulado A percepção do estudante universitário com deficiência em relação ao processo de inclusão no mercado de trabalho, orientado pela professora Lúcia Aparecida de Moraes Abrantes e aprovado com louvor pela banca examinadora.
Apresentado no formato de artigo científico, o trabalho de Fabrício é um estudo de caso qualitativo e quantitativo que traz uma análise da inclusão a partir da vivência dos universitários com deficiência.
Para chegar aos resultados, o estudante aplicou um questionário padrão, que foi respondido por 6 estudantes com deficiência física e um acadêmico com deficiência visual, todos regularmente matriculados na PUC Goiás.
Ao fazer um mapeamento dos fatores que limitam a participação da pessoa com deficiência no mundo do trabalho, o pesquisador constatou, a partir dos dados coletados, que o primeiro deles é a discriminação, o segundo é a falta de conhecimento da legislação por parte da empresa e do trabalhador (a Lei de Cotas foi abordada na pesquisa) e o terceiro é o preconceito.
“É um tema relevante para nossa atualidade, é pouco falado, pouco discutido e o deficiente precisa ter sua voz ouvida. Um dos respondentes colocou que a pessoa com deficiência é vista como minoria e as empresas não entendem que uma pessoa com deficiência tem a mesma capacidade. Os desafios são maiores, precisamos nos adaptar, mas a capacidade é a mesma”, ressaltou o pesquisador.
Determinado em pautar a temática no seu ambiente de trabalho, Fabrício está levando o enfoque da sua pesquisa para o Hospital Estadual de Dermatologia Sanitária, a antiga Colônia Santa Marta, onde atua como assistente administrativo.
Como o hospital abarca as áreas de ensino e pesquisa, Fabrício quer investigar a percepção do funcionário com deficiência no seu ambiente de trabalho. Atualmente, o projeto se encontra no comitê de ética da unidade e a previsão é que seja desenvolvido a partir de janeiro.
Vocação
Fabrício tem 36 anos de idade e ingressou na PUC Goiás por meio do Vestibular Social. Ao escolher o curso não teve dúvidas que iria trilhar um caminho na Administração pelas diversas possibilidades de carreira que essa área do conhecimento oferece.
Para driblar os desafios impostos pela sua condição, ele contou com apoio de intérpretes e dos professores que traziam materiais adaptados para proporcionar a acessibilidade do conteúdo durante a graduação.
Exemplo de superação e disposto a transformar sua própria realidade e a de outras pessoas com deficiência, Fabrício está focado em entregar sempre o seu melhor no ambiente de trabalho e almeja cursar uma pós-graduação na área de processos e projetos no futuro.
“Eu sou responsável pela questão de processo de pagamento, solicitação de contratos e apoio na parte administrativa. O aprendizado adquirido na PUC me trouxe uma bagagem ampla, porque eu pude aplicar no meu trabalho muito da teoria estudada na universidade”, avaliou Fabrício.
Vale destacar que o acadêmico começou a atuar no Hospital como estagiário e foi efetivado no quadro administrativo pelo alto desempenho no ofício.
Orientadora do TCC, a profa. Lúcia Aparecida fez uma devolutiva sobre o artigo apresentado pelo, em breve, bacharel em Administração: “o impacto foi enorme, apesar de ser um grãozinho de areia sendo colocado neste mundo da acessibilidade e da diversidade. Mas a gente vai conseguir fazer deste mundo tão dividido um mundo de oportunidades. É o que entendo que este trabalho significou pra ele, para nós como universidade e para sociedade em geral”, refletiu.
Fotos: Weslley Cruz