A produção científica da PUC Goiás ganha visibilidade e prestígio internacional! Acadêmicos do curso de Medicina Veterinária, Medicina e do Mestrado em Ciências Ambientais e da Saúde (MCAS) apresentaram projetos de pesquisa durante o 8º Encontro Internacional de Toxinologia (8th International Toxinology Meeting), realizado pela Universidade de Oxford (Reino Unido), de 25 a 27 de agosto, em formato remoto.
A equipe é composta por Júlia de Assunção Vilela e Matheus Menezes Ramos (Medicina), Verônica Lacerda de Barros (Medicina Veterinária), Raphael Ladislau de Alcântara (MCAS) e Rafael Stuani Floriano (Unoeste), com orientação do docente da Escola de Ciências Médicas e da Vida da instituição e do MCAS, prof. Nelson Jorge da Silva Júnior.
Durante o evento, os estudantes apresentaram dois projetos científicos, que têm impacto na saúde pública. O primeiro, intitulado Snakebite accidents with Bothrops snakes in the state of Goiás, Central Brazil (Acidentes de picada de cobra com Bothrops no estado de Goiás, Brasil Central) investiga a simplificação taxonômica causada pelo avanço da fronteira agropastoril no estado goiano.
Essa situação tem como consequência o desaparecimento de algumas espécies de cobras e a prevalência de uma outra de maior porte, responsável por acidentes em humanos.
As Bothrops mencionadas no título são popularmente conhecidas como jararacas. De acordo com o prof. Nelson, oito espécies desta cobra são registradas pela literatura científica em Goiás, sendo a maioria de pequeno porte e uma delas, de tamanho maior, apresenta comportamento mais agressivo, além da facilidade de adaptação a todo tipo de ambiente.
“Prevalece a espécie de maior porte, que é responsável pela maior parte dos acidentes gravíssimos com humanos. As demais estão desaparecendo, pois elas não se adaptam aos ambientes transformados pelas plantações”, ressalta.
O outro projeto, chamado Systemic symptons and possible vagal stimulation in Lachesis muta envenomations (Sintomas sistêmicos e possível estimulação vagal em envenenamentos de Lachesis muta) investiga os efeitos causados pelo veneno da cobra surucucu (Lachesis muta), encontrada na Amazônia.
“As pessoas têm apresentado sintomas diferentes, caracterizados por vômitos incontidos e diarreia. Isso é uma coisa incomum em acidentes com cobra”, informa.
Primeiro, o grupo de estudantes fez um levantamento da quantidade de acidentes relatados no Brasil, com base nos dados do SUS e no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e, agora, o trabalho encaminha para a fase experimental.
“Vamos começar a trabalhar com o veneno, para ver se encontramos os componentes que causam os efeitos desta estimulação diferente observada nos humanos”, informa Nelson.
Para cumprir esta etapa de fisiologia experimental, os estudantes vão fazer duas visitas técnicas nos laboratórios da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e na Universidade do Oeste Paulista (Unoeste) neste mês de setembro e no final do ano.
“Temos uma parte laboratorial, clínica e documental e estamos preparando o primeiro manuscrito. É um projeto de ponta, que envolve pesquisa com veneno e vamos fazê-la por meio de parceria. A participação de outras universidades permite a realização de trabalhos de excelente qualidade e esse é o diferencial dos dois trabalhos, que foram muito elogiados em Oxford”, enaltece o docente responsável pelo grupo.
Jovens pesquisadores
Engajados no projeto, os estudantes agora se preparam para a etapa laboratorial da pesquisa, que será realizada em São Paulo, nas instituições mencionadas. A pesquisa foi divulgada no site da Universidade de Oxford no formato de pôster e bastante apreciada e comentada pelos participantes do evento, que interagiam pela plataforma fazendo perguntas.
Além de toda a metodologia da revisão bibliográfica que a primeira etapa do trabalho exigiu, o grupo também vivenciou o desafio de redigir o texto em língua inglesa, trabalho que exige um olhar minucioso pelo denso conteúdo e o uso de termos científicos.
Gratidão e alegria definem o sentimento dos jovens que, agora, têm um trabalho de alcance internacional incluído no currículo. A área da pesquisa, inclusive, já é familiar para as estudantes Verônica (Medicina Veterinária) e Júlia (Medicina), integrantes do grupo.
A primeira vivenciou a experiência da iniciação científica desde o primeiro período do curso e a segunda está na fase da elaboração do projeto final de curso, cujo objeto de estudo é o projeto mencionado.
O trabalho exigiu bastante dedicação e dinamismo, já que foi preciso conciliar o ritmo de aulas na graduação com o projeto científico. O intuito do grupo é participar dos congressos presenciais, assim que a situação epidemiológica permitir.
“Foi um trabalho duro, passamos muitas noites em claro, mas valeu muito a pena. Estamos muito felizes de ter uma visibilidade lá fora, ver nossos nomes no Congresso e isso abre muitas portas para todos nós”, comemoram as estudantes Verônica e Júlia.