Palácio Itamaraty, em Brasília

Relações Internacionais: o papel de mudar a política externa brasileira

O momento político e econômico brasileiro não atrai bons olhares para o país e a pandemia do novo coronavírus agrava situação do Brasil no exterior. Estudantes, professores e profissionais de Relações Internacionais se deparam com o desafio de apontar caminhos para a política externa brasileira. Este foi o tema do primeiro evento do Encontro Acadêmico Científico de Relações Internacionais da PUC Goiás, que integra a 3ª edição do Ciência em Casa e segue durante todo o mês de maio.

Em mesa-redonda, no YouTube da PUC Goiás, o tema Os contratempos e os caminhos da (re)inserção internacional brasileira foi debatido por Dawisson Belém Lopes (UFMG), dra. Fernanda Magnotta (FAAP) e ms. Felipe Cordeiro de Almeida (UNILA), no primeiro dia da programação, nesta segunda-feira, 3 de maio. O debate foi mediado pelo professor doutor Pedro Araújo Pietrafesa.

A partir da análise sobre a situação atual, o doutor Dawisson Belém Lopes falou do posicionamento atual do governo Bolsonaro, que tenta reinventar alguns traços da diplomacia brasileira e da política externa, mas enfrenta problemas de credibilidade. “A política ambiental que era uma das principais credenciais no exterior em vários aspectos tornava o Brasil um ator incontornável na interlocução sobre governança global. Agora deixa confiável com um histórico que o credenciava”, explica Dawisson.

Para ele, o grande desafio dos profissionais da área será reinventar alguns aspectos da política internacional brasileira em um projeto de reinserção pós-Bolsonaro. No debate o palestrante mostrou um Brasil marcado por uma crise institucional, dentro da diplomacia, e sanitária diante das dificuldades no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, que já matou 400 mil brasileiros.

O tema pandemia também figurou nas falas do mestre Felipe Cordeiro de Almeida. Ele ressaltou o enfraquecimento do Itamaraty e como a política externa interfere na área da saúde, por exemplo. “Temos um exacerbamento da necropolítica, que já é uma prática violenta na história brasileira”, pontuou. Ele aponta que a política externa era essencial na busca por insumos e pela vacina contra a Covid-19 para o país e que, em uma posição inédita, o Brasil não lutou pela democratização da vacina a partir da quebra das patentes.

Na última análise da mesa-redonda, a dra. Fernanda Magnotta falou da relação com os Estados Unidos e como trumpismo beneficiou regimes análogos em todo o mundo, incluindo o Brasil. Ela mostrou a importância de 2016 para a política internacional a partir da eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e o Brexit na Inglaterra, movimentos que aprofundaram os efeitos do nacionalismo no globo.  E a mudança de contexto com a eleição de Joe Biden, no ano passado. “O Brasil como aliado do trumpismo e não dos Estados Unidos se torna oposição ao seu maior aliado”.

Mediador da mesa-redonda e professor de Relações Internacionais na PUC Goiás, Pedro Pietrafesa pontuou o papel importante da academia para pensar em políticas externas que resolvam problemas históricos brasileiros, como a reprodução dos privilégios e das desigualdades sociais que temos no Brasil. Realizado desde 2012 pela Escola de Direito e Relações Internacionais e pelo Centro Acadêmico de Relações Internacionais, o Encontro busca trazer diferentes profissionais e docentes para discutir temas atuais da profissão.

Se interessou sobre o tema, que tal assistir à mesa-redonda disponível no YouTube? Clique aqui.

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O curso de Relações Internacionais está instalado na Escola de Direito e Relações Internacionais (EDRI) da PUC Goiás, no Câmpus V, Jardim Goiás. O curso completou 21 anos em 2020 e já formou 40 turmas. Para quem gosta de Economia, Política, História e Direito, é o curso ideal. Internacionalistas podem atuar em consulados, órgãos públicos, empresas privadas e organizações não-governamentais. A duração é de 8 semestres.