Estudo impacta no tratamento da histoplasmose disseminada em pacientes com Aids

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A pesquisa científica pode melhorar a assistência nas unidades de saúde públicas e privadas, trazendo, inclusive, mudanças para os guias mundiais e a sobrevida dos pacientes acometidos por infecções graves.

Dentro deste contexto, um estudo liderado pelos professores do curso de Medicina da PUC Goiás, dra. Cássia Godoy, dra. Renata Soares, dr. Taiguara Fraga Guimarães e dra. Marília Rodovalho Guimarães (USP), tem feito a diferença no meio científico internacional e, também, impacta positivamente no tratamento de pacientes com Aids.

Os resultados foram apresentados no artigo científico Alta dose única de anfotericina B lipossômica na histoplasmose disseminada relacionada ao HIV/AIDS: um estudo randomizado, publicado no dia 26 de maio, na renomada revista Clinical Infectious Diseases, (Infectious Diseases Society of America, IDSA, Oxford Academic).

Por meio do estudo, os pesquisadores comprovaram que os pacientes com Aids acometidos pela histoplasmose podem ser submetidos a um tratamento mais curto, sem as complicações adversas que o protocolo com a formulação mais antiga ainda usada para esses casos.

Caracterizada como uma infecção fúngica, a histoplasmose é hiperendêmica no estado de Goiás e de acordo com a profa. Cássia Godoy, pode fazer quadros leves ou graves disseminados nos pacientes imunossuprimidos, no caso, pacientes com Aids avançada.

“A histoplasmose requer um tratamento terapêutico com medicamento injetável, que é a Anfotericina B por 14 dias (uma dose durante 14 dias). A infusão é lenta, dura de 4h a 6 horas, e essa droga é bastante tóxica para o rim, podendo levar o paciente à insuficiência renal”, explicou.  

Devido a essa questão, o estudo trouxe, então, a proposta de usar uma dose única da anfotericina lipídica, a fim de tratar a infecção em um tempo mais curto e mudar o guia de tratamento para a doença, já que a medicação disponível no Brasil é antiga e nefrotóxica.

Resultados

Segundo a profa. Cássia, o resultado do estudo mostra que não houve diferença na eficácia, nem na toxidade em tratar a dose única. “Isso vai trazer uma economia para os tratamentos e o objetivo é disponibilizar a anfotericina lipossomal (mais segura e igualmente eficaz à anfotericina, medicamento de 1957) para mais pessoas, já que o custo vai caindo”, pontuou.

Com isso, ao invés de 14 dias de tratamento, o custo tende a cair e o intuito dos pesquisadores é disponibilizar o melhor tratamento para os pacientes, tentando ampliar a população que vai ter acesso à medicação, que é mais cara (cada frasco da anfotericina lipossomal custa, em média, R$ 1450 e a anfotericina antiga é R$ 50 cada).

“Ao longo dos últimos 30 anos, o HDT tem feito diagnóstico de histoplasmose disseminada mais eficaz do que o resto do país. Com ação conjunta do Hospital recebendo os pacientes e o Lacen-GO, do Estado, fazendo o diagnóstico com as culturas, conseguimos fazer um tratamento precoce da infecção”, destacou.

É importante pontuar que a pesquisa tem sido objeto de estudo para os estudantes da área da Saúde, resultando em trabalhos de conclusão de curso, dissertações de mestrado e residências.

O artigo e a lista completa dos autores participantes podem ser acessados pelo link Clinical Infectious Diseases, ciad313, https://doi.org/10.1093/cid/ciad313