O projeto Memórias Indígenas: qualificação da coleção Jesco Puttkamer sob os olhares dos povos Yudja (Juruna) e Wauja (Waurá), desenvolvido pelo Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia (IGPA) da PUC Goiás, foi concluído com êxito.
Com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), através do programa matchfunding BNDES + patrimônio cultural, o trabalho foi encerrado neste mês de novembro, após 9 meses de pesquisas realizadas no Acervo Audiovisual do Instituto, com o propósito de qualificar as informações das imagens das etnias Wauja e Yudja, localizadas no Parque Indígena do Xingu (MT).
Coordenadora da iniciativa, a profa. Marlene Castro Ossami de Moura (IGPA), ressalta que grande parte dos objetivos foram alcançados graças ao trabalho colaborativo com os indígenas, realizado desde a concepção do projeto até os produtos finais.
“Foram meses de um intenso trabalho junto aos indígenas, com relação à identificação e qualificação das imagens, da produção de textos, da revisão do conteúdo sobre a história e a cultura desses grupos, bem como da revisão da grafia dos nomes indígenas”, informa.
Produtos finais
Para socializar os resultados alcançados neste trabalho, o IGPA apresenta cinco produtos, que foram produzidos a partir da sistematização das informações partilhadas pelos interlocutores indígenas. São eles: dois álbuns fotográficos, um vídeo documentário, um livro no formato impresso e E-book, e uma galeria virtual no site da PUC Goiás com as imagens do acervo qualificadas.
Além de ser uma devolutiva à sociedade em geral, os produtos finais devolvem às comunidades indígenas as imagens de seu povo, qualificadas e identificadas pelos seus parentes, no sentido de contribuir para o fortalecimento de suas culturas.
“As informações geradas pelos indígenas também contribuíram para a construção de uma base de dados documentais, digitalizados sobre a história e a cultura de cada um dos dois grupos indígenas, que serão, futuramente, disponibilizadas numa plataforma digital do IGPA/PUC Goiás, extensiva ao público em geral, indígena e não indígena”, explica a profa. Marlene.
Balanço
A profa. Marlene também avalia que o objetivo do projeto foi alcançado, uma vez que foi possível conhecer os significados atribuídos às imagens pelos interlocutores nativos, além de disponibilizar informações às suas comunidades sobre seu passado, para que, tanto os agentes diretos que participaram dos eventos pretéritos como os descendentes desses grupos indígenas, na atualidade, possam refletir, a partir do passado e presente, o futuro das comunidades.
“O potencial do material depositado nos Acervos é de grande importância para o resgate de informações acerca do que há muito tempo foi registrado e guardado. Dessa forma, são partes importantes do patrimônio cultural que precisam ser conservadas e transmitidas às gerações futuras”, reflete.
A PUC Goiás/IGPA enquanto “espaço de memória” mantém por quatro décadas a preservação e a conservação de seu Acervo Audiovisual, promovendo sua qualificação por meio de mestres tradicionais e de especialistas indígenas.
“Por isso, manter os acervos salvaguardados significa não só garantir a sua preservação e a sua conservação, desses registros históricos únicos, como também garantir a sua disponibilização ao público em geral, sobretudo, às comunidades indígenas”, finaliza.
Desenvolvido com financiamento do BNDES, o trabalho de qualificação das imagens começou em 2017. Na primeira etapa, contou com a participação das etnias Metyktire, Paiter Suruí, Cinta-Larga e Nambikwara e, em 2022, com os grupos indígenas Wauja (Waruá) e Yudja (Juruna).
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