Quem vê a sorridente Isadora de Morais Santos empolgada com a chegada à universidade, não imagina os desafios que ela precisou vencer para chegar até aqui. Aos 18 anos, ela é caloura do curso de Medicina Veterinária da PUC Goiás. O brilho no olhar não esconde a ansiedade por dar início à essa nova etapa de sua vida.
Antes do primeiro dia de aula, que será na segunda-feira, 14, Isadora e a mãe, Isabel Rocha dos Santos, visitaram a estrutura do curso, no Câmpus II. Conheceram salas de aula, laboratórios e as adaptações feitas para receber a aluna, que ficou paraplégica após um atentado na escola onde estudava, em outubro de 2017.
Além de professores e funcionários, Isabela também foi recebida por uma galerinha pra lá de especial: a tímida Pretinha e receptivo Pitoco, dois vira-latas que foram adotados pela comunidade acadêmica do curso. Certeza que logo se tornarão o xodó também da nova aluna, que tem três peludos em casa e se derrete quando fala deles.
Isadora não tem dúvida da escolha e sabe que para ser uma médica veterinária é preciso ter muito mais do que amor aos animais, mas não tem dúvida de que este é um requisito fundamental. A certeza sobre qual graduação seguir veio no segundo ano do ensino médio, depois de muitas pesquisas.
Ela conta que a espera pelo resultado do Vestibular da PUC foi marcada pela ansiedade, seguida de uma explosão de felicidade que contagiou a família e amigos quando soube da aprovação. Agora o seu pensamento é um só: começar o curso.
Acolhimento
Isabel Rosa dos Santos, mãe de Isadora, sabe que os únicos desafios que a filha terá pela frente não serão apenas provas e atividades acadêmicas. Será preciso vencer barreiras da falta de acessibilidade numa sociedade que ainda não enxerga a pessoa com deficiência em sua plenitude e capacidade. “A acessibilidade é um problema da sociedade que está acostumada com o deficiente físico dentro de casa. No geral, não está preparada para o deficiente no mercado”, diz.
Na visita à PUC, Isabel não escondeu a satisfação por encontrar espaços adaptados e outros em fase de adaptação para receber sua filha. “Aqui, além de bem recebidas, se dispuseram a adaptar o que não estava adequado. É um divisor”, assinala com confiança de que os próximos cinco anos serão de sucesso. “Ela sonha com as coisas e a gente sonha junto”.
Aprendizado dentro e fora de sala
Coordenadora do curso de Medicina Veterinária, a profa. Maria Ivete de Moura apresentou a estrutura do curso para Isadora e sua mãe e falou do misto de ansiedade e alegria ao saber da nova aluna. “Ficamos muito alegres em poder compartilhar com ela o ambiente universitário. O curso tem uma gama grande de conhecimentos para aprender no dia a dia e com próprios colegas.
Numa universidade, aprendemos muito fora da sala”, lembra. Sobre o que Isadora vai descobrir e aprender nos próximos cinco anos, a professora não tem dúvida: “ela vai aprender que o médico veterinário é responsável pela vida tanto dos animais quanto dos humanos e ao longo do curso ela vai descobrir porque também somos responsáveis pela vida de humanos”.
Isadora
Isadora é uma das seis vítimas do atentado numa escola particular no Conjunto Riviera, em Goiânia, ocorrido no dia 20 de outubro de 2017. Neste dia, um então adolescente com 14 anos atirou contra os colegas. Dois estudantes morreram e outros quatro ficaram feridos, entre os feridos estava Isadora.
Ela foi atingida por um disparo no tórax, que perfurou seus pulmões. Foram 54 dias de internação no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), 21 deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Isadora ficou paraplégica.
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